5 de Outubro de 1910

12-02-2012 17:16

 

 5 de Outubro

 

 

Desde finais do século XIX, a monarquia portuguesa encontrava-se debilitada pelo descrédito, corrupção, especulação, escândalos e compadrio que envolviam vários membros do governo, nobreza e grandes capitalistas. Vivia-se em Portugal uma crise económica e social. Por outro lado, o rotativismo partidário começava a dar sinais de desgaste, sendo olhado com desconfiança pela população. O Regicídio – 1908 – foi um dos acontecimentos que demonstra, de forma vibrante, este desgaste do regime. O Ultimatum inglês (1890) e a revolta de 31 de Janeiro de 1891 no Porto (a primeira tentativa de implantação da República) marcaram uma nova fase na política portuguesa, em que o nacionalismo e o patriotismo do povo português foram incentivados. Uma das formas encontradas foi a caricatura política. Registava-se, então, o crescimento de partidos políticos como o Partido Republicano e o Partido Socialista Português que defendiam os princípios de liberdade, igualdade política, democracia, municipalismo e associativismo, apoiados fervorosamente pela pequena e média burguesia e o operariado, as classes mais afectadas pelas dificuldades económicas de finais do século XIX e princípios do século XX.

À uma hora da madrugada de 4 de Outubro de 1910, vários quartéis e posições estratégicas de Lisboa foram ocupados por civis e militares, apoiados pelo Partido Republicano, Maçonaria e Carbonária. Foram atacados simultaneamente o Palácio das Necessidades, onde se pensava encontrar o rei, o Quartel-General e o Quartel do Carmo, aquartelamento da guarda de elite da Monarquia. Os combatentes republicanos, comandados por Machado Santos, concentraram-se na Rotunda de Lisboa. A Guarda Municipal e as tropas fiéis ao rei juntaram-se no Rossio. No Tejo, dois cruzadores da Marinha tinham também aderido à Revolução. A Revolução parecia perdida; os combatentes na Rotunda achavam-se em inferioridade numérica. Porém, o movimento vingou devido ao facto do povo de Lisboa ter aderido entusiasticamente à revolta.
No dia seguinte, era proclamada, por José Relvas, a República da varanda da Câmara Municipal de Lisboa, sem grande oposição. O último rei de Portugal – D. Manuel II – partia, na Ericeira, com a família para o exílio, em Inglaterra.

Com a implantação da República institui-se um governo provisório, presidido por Teófilo Braga. Procedeu-se à elaboração de uma nova Constituição (aprovada em 1911) e adoptaram-se novos símbolos para o novo regime – uma moeda (o escudo), uma bandeira (a actual) e um hino (A Portuguesa).

Estudos para a Bandeira Republicana

 

 
Após a Revolução Republicana, uma das principais preocupações do novo regime foi a fixação dos novos símbolos nacionais, afirmando a diferença entre regimes.
Eis alguns estudos (dos muitos, sendo alguns bastante polémicos) para a nova bandeira nacional:
 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

 



 

Agora que conheces várias hipóteses,
qual escolherias?

 

Hino Nacional

 

 
Conheces verdadeiramente o hino nacional? Ou será que só o conheces do futebol?

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Nos finais do século XIX, "A Portuguesa", marcha vibrante e arrebatadora, de forte expressão patriótica, pela afirmação de independência que representa e pelo entusiasmo que desperta, torna-se, naturalmente e por mérito próprio, um consagrado símbolo nacional, na sua versão completa:


 

I
Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria, sente-se a voz
Dos teus egrégios avós
Que há-de guiar-te à vitória!
Às armas, às armas!
Sobre a terra sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!


 

II
Desfralda a invicta Bandeira,
À luz viva do teu céu!
Brade a Europa à terra inteira:
Portugal não pereceu
Beija o solo teu jucundo
O oceano, a rugir d`amor,
E o teu Braço vencedor
Deu mundos novos ao mundo!
Às armas, às armas!
Sobre a terra sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!


 

III
Saudai o Sol que desponta
Sobre um ridente porvir;
Seja o eco de uma afronta
O sinal de ressurgir.
Raios dessa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injúrias da sorte.
Às armas, às armas!
Sobre aterra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!


 

Porém, o Hino, que fora, concebido para unir os portugueses em redor de um sentimento comum, pelo facto de ter sido cantado pelos revolucionários de 31 de Janeiro de 1891, foi desconsiderado pelos monárquicos e proibida a sua execução em actos oficiais e solenes. Quando da implantação da República em 1910 "A Portuguesa" aflora espontaneamente de novo à voz popular, tendo sido tocada e cantada nas ruas de Lisboa. A mesma Assembleia Constituinte de 19 de Junho de 1911, que aprovou a Bandeira Nacional, proclamou "A Portuguesa" como Hino Nacional. Era assim oficializada a composição de Alfredo Keil e Henrique Lopes de Mendonça que, numa feliz e extraordinária aliança de música e poesia, respectivamente, conseguira interpretar em 1890, com elevado sucesso, o sentimento patriótico de revolta contra o ultimato que a Inglaterra, em termos arrogantes e humilhantes, impusera a Portugal. Em 1956, constatando-se a existência de algumas variantes do Hino, não só na linha melódica, como até nas instrumentações, especialmente para banda, o Governo nomeou uma comissão encarregada de estudar a versão oficial de "A Portuguesa", a qual elaborou uma proposta que, aprovada em Conselho de Ministros em 16 de Julho de 1957, é a que actualmente está em vigor.


 

 



 

Então? Conhecias o Hino Nacional?