Batalhas

23-06-2013 10:14

A Batalha do Rio da Prata – A última viagem do Admiral Graf Spee.

Dezembro de 1939. A guerra na Europa estava em curso a pouco mais de três meses. França e Inglaterra haviam declarado guerra contra a Alemanha. A Polônia fora derrotada apenas três semanas e nessa altura a guerra estava numa fase de espera. A França tentou uma ofensiva contra a Alemanha, e como fracassaram, os aliados aguardavam a resposta alemã.

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No mar a Marinha Real Britânica e a Marinha Francesa eram muito superiores a Marinha Alemã, porém essa possuía alguns navios de primeira linha, e entre eles estava o Admiral Graf Spee, “Panzershiffe”, classe Deutschland. Popularmente chamado de “Encouraçado de Bolso”. Devido o Tratado de Versalhes que proibiu as forças alemãs produzirem navios de grande porte, então foram criados esses encouraçados menores. A primeira série de navios que utilizavam placas soldadas eletricamente. Com uma propulsão com oito motores a diesel, sua blindagem era de 40 a 80 mm na lateral, 40 mm no convés, 125 mm nas torres, 150 mm nas barbetas e 140 mm na torre de comando. O armamento principal era composto por seis canhões de 280 mm da Krupp, e oito canhões de 150 mm.  Seu armamento antiaéreo era seis canhões de 105 mm, cinco canhões 88 mm e oito canhões de 37 mm, além de oito tubos de torpedo. Tinham ainda dois aviões Arado Ar 196 lançados com catapulta. Sua tripulação era de 926 oficiais e marinheiros.

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Os “Encouraçados de Bolso” receberam ordens de ataque a locais inesperados, para assim manter a frota aliada dispersa. O  Graf Spee operava no Atlântico Sul. Seu comandante, Capitão Hans Langsdorf, atacava navios mercantes e após cada ataque, navegava milhares de milhas para despistar seus perseguidores.

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Capitão Hans Langsdorf

 

No dia 30 de setembro de 1939, o Graf Spee afundou o cargueiro Clement, próximo a Pernambuco, no Brasil. Enquanto os aliados se organizaram em cinco grupos de caça para varrer o Atlântico, o Graf Spee capturou o Newton Beech, afundou o Huntsman, oTrevanion e o petroleiro Africa Shell, na costa de Lourenço Marques. Continuando com sua tarefa, afundou os navios Doric Star e Tairoa, próximo a Santa Helena. Após o encontro com o seu navio de reabastecimento (o Altmark), o Graf Spee seguiu para o Rio da Prata, onde fez outra vítima, o Streonshalh.

A marinha inglesa tinha conhecimento de que o Graf Spee intentaria contra o grande número de navios mercantes que partiam do centro comercial do Rio da Prata.  Desta forma, a “Força G”, comandada pelo Comodoro Harwood que era composta de 3 cruzadores: o Ajax, o Achilles e o Exeter, ficando ainda o Cumberland como reserva nas Malvinas (Falklands), se deslocou para o Rio Prata. O Exeter era o único cruzador pesado, da classe York, tendo como armamento principal seis canhões de 203 mm e secundário de oito canhões de 102 mm, seu armamento antiaéreo era 4 canhões Bofors de 40 mm e oito de 20 mm, tinha ainda um hidroavião e sua tripulação variava entre 630 a 850 oficiais e marinheiros.

Como a “Força G” era formada apenas por cruzadores e dois destes cruzadores eram leves com canhões de 152 mm; Harwood sabia que seria difícil causar danos a superestrutura de um encouraçado, então sua estratégia seria dividir a atenção do Graf Spee. O Ájax e oAchilles iriam por um lado e o Exeter atacaria por outro, dificultando a concentração dos alemães, em responder ao ataque.

No dia 13 de dezembro, o Graf Spee foi visto pelos cruzadores ingleses. A batalha iniciou e a estratégia de Harwood foi posta em prática, mas o Graf Spee atacou pesadamente oExeter que rapidamente foi posto fora de ação. Vendo a situação difícil do seu cruzador pesado, Harwood ordenou o ataque a todo vapor dos dois outros cruzadores, que diminuíram a distância que os separavam do inimigo. Quando se aproximaram, seus tiros tiveram efeito sobre o Graf Spee que precisou diminuir o fogo. O Exeter que apesar de muito atingido ainda navegava, recuou e seguiu para as Malvinas para reparo. Ainda que os tiros dos cruzadores leves não tenham danificado a estrutura do Graf Spee; causaram alguns estragos e os alemães perderam 36 homens. Sendo alvos de todo poder de fogo do navio alemão, Harwood ordenou o fim do engajamento e a volta a uma distância segura. O capitão Langsdorf que se viu em apuros por ter que enfrentar três cruzadores, rumou para o continente, sendo sempre perseguido pelos ingleses. Harwood não queria perder o navio alemão, ainda achava ter chance de derrotá-lo, mas para sua surpresa, este seguiu para o porto uruguaio de Montevidéu, na foz do Rio da Prata. Terminava assim a primeira fase da batalha.

Por se tratar de um porto neutro, o Graf Spee tinha apenas 24 horas de estadia de acordo com a lei internacional, caso contrário seria internado. Entretanto, foi ele necessitava de alguns reparos, pois suas cozinhas haviam sido destruídas entre outras coisas. O governo uruguaio concedeu um prazo de 72 horas que encerrava no domingo dia 17 de dezembro as 18h00min. Fato que gerou uma grande disputa política, pois inicialmente o governo inglês e francês queria que o governo uruguaio exigisse a saída do navio alemão. O governo uruguaio manteve o prazo.

Por sua vez, os navios ingleses fizeram os reparos possíveis e reforçados com oCumberland que chegara para ajudar, patrulhavam as águas próximas da foz para evitar a fuga do navio alemão. Langsdorf seguia numa frenética rotina para consertar o seu navio e após várias comunicações com Berlin, recebeu suas ordens: Era impossível fugir e uma luta seria inevitável.

Durante a sua curta estadia naquela escala, o Graf Spee torna-se o fascínio entre a população local e rapidamente uma multidão se reúne no porto de Montevidéu para admirar a moderna máquina de guerra. Curiosamente, no meio da multidão, estava Mike Fowler, um jornalista estadunidense que se encarregou de cobrir a história para um jornal dos Estados Unidos. À medida que o tempo esvaía, os serviços de notícias da rádio e imprensa deram a impressão, errada, de que a segunda esquadra já se achava próxima ao porto.

Finalmente no dia 17 às 17h30min, o Capitão Langsdorff embarcou com uma tripulação reduzida ao mínimo e o Graf Spee içou âncora envergando bandeiras de combate em ambos os mastros. O navio possuía ainda munições suficientes e canhões em bom estado. Crendo que a força naval britânica era muito maior, Langsdorff querendo evitar uma batalha sem sentido e um banho de sangue previsível, preparou seu navio para afundar. Para isso colocou toda a munição pronta para explodir com a detonação dos torpedos que tinham dispositivos de tempo. O Capitão e toda a tripulação se retiraram e em seguida fortes explosões partem o casco em dois, encalhando-o no lamacento fundo do estuário do Rio da Prata, que separa o Uruguai da Argentina. Em terra, milhares de espectadores atentos testemunham o naufrágio do navio.

A tripulação do Graf Spee junto com seu comandante foi enviada por barco a Buenos Aires. Três dias depois, Langsdorf se enrolou na bandeira da Marinha Imperial Alemã, sob a qual lutara na Primeira Guerra Mundial e suicidou-se com um tiro. Terminava assim a última viagem do Graf Spee.

 

 

O confronto com a Polônia

Às 23 horas de 21 de agosto de 1939, as rádios alemãs interromperam sua programação e uma voz solene noticiou que o Governo do Reich e o Governo Russo assinaram um pacto de não agressão. Notícia que abalou o mundo. Todos sabiam que esse fato era o que faltava para que Hitler continuasse com seu plano de avançar nos territórios europeus, onde o próximo alvo seria a Polônia.

Dez dias depois, às 11h30min da manhã de 31 de agosto de 1939, o general alemão Halder recebeu um chamado telefônico urgente da Chancelaria do Reich. Foi noticiado de que toda a operação conhecida como Plano Branco (Fall Weiss) será iniciado. Emocionado, o general Stulpnagel comunicou-lhe: “O ataque será amanhã, às 04h45min da madrugada. Inglaterra e a França estão decididas a intervir, mas o Führer resolveu iniciar a campanha”.
Uma hora depois Hitler assinou a Diretiva n° 1 para a condução da guerra e entregou o desventurado documento aos chefes da Wehrmacht.

A preparação Alemã

Em Varsóvia, o Comandante-em-chefe do exército, Marechal Smigly-Rydz, decidiu dar o passo, após inseguras vacilações. Às 11 horas da manhã expediu a ordem de mobilização geral e ao cair da noite do dia 31 de agosto, iniciaram os primeiros “combates” da guerra. Soldados da SS, disfarçados em uniformes poloneses, realizaram ataques forjados a alguns postos de fronteiras alemães. Imediatamente, as emissoras transmitiram alarmantes comunicados sobre as inesperadas “agressões”. A farsa foi à justificativa de Hitler ao seu povo e ao mundo sobre o ataque contra a Polônia. A Posição da Alemanha era vantajosa, pois envolvia quase totalmente o território da Polônia e dividiu seus efetivos em duas grandes massas de ataque.


General Rundstedt

Os Exércitos no Sul, comandado pelo general Rundstedt, executaria a manobra decisiva da campanha. Portanto, lhe foram dadas 35 divisões, compreendendo o grosso das forças blindadas: 4 Divisões Panzer (DP), 3 Divisões Mecanizadas (DM) e 2 motorizadas. Sua missão seria tomar uma importante região carbonífera da Silésia polonesa, e em seguida, avançar rapidamente até Varsóvia próximo ao rio Vístula, conquistando a capital e unindo as suas forças ao oeste deste rio com as unidades dos Exércitos “Norte”. O exercito polonês, então, cercado do norte ao sul, não poderia construir uma nova linha defensiva por trás do Vístula.

Os Exércitos Norte, comandado pelo general von Bock, teria 25 divisões: 1 Panzer, 2 mecanizadas e 2 motorizadas. Depois de vencer as unidades polonesas no corredor de Dantzig, avançaria ao sul, flanqueando os rios Vístula e Narew, para se unirem com as tropas de Rundstedt.

O comandante-em-chefe do Exército polonês, o Marechal Edward Smigly-Rydz, estava diante de um problema sem solução para a defesa do seu país. Suas forças eram muito inferiores, em número e armamento, aos exércitos alemães. Contava apenas alguns ultrapassados carros de combate franceses e ingleses e a força aérea reduzia-se à cerca de 400 velhas aeronaves. O Marechal devia optar entre duas escolhas: entrincheirar os exércitos na fronteira, para defender a região ocidental, onde se situavam as indústrias, ou colocar-se por trás da barreira fluvial, formada pelos rios Vístula e Narew, com o objetivo de enfrentar a Wehrmacht em forte posição defensiva. No primeiro caso, ele corria o risco de ver seus exércitos massacrados nos primeiros dias de luta. No segundo, perderia a fonte de abastecimento e seria obrigado a render-se em pouco tempo. Optou pela primeira escolha e dividiu suas forças em três grandes setores. No norte, frente à Prússia Oriental e à Pomerânia, onde dispôs 3 exércitos, integrados por 15 divisões de infantaria e 5 brigadas de cavalaria; no centro, resguardando a rica província de Poznan, pôs o grosso das suas tropas, 2 exércitos com 4 brigadas de cavalaria e 9 divisões de infantaria, apoiados na retaguarda pelo Exército “Prússia”, integrado por 6 divisões de infantaria, 1 brigada motorizada e 1 brigada de cavalaria; finalmente, no sul, em Cracóvia e nos Cárpatos, destacou 2 exércitos: 8 divisões de infantaria, 2 brigadas motorizadas e 1 brigada de cavalaria.

Bombardeio de Ferrovia Polonesa

Início da luta:

Às 04h45min horas, do dia 1° de setembro de 1939, dá-se o inicio da Segunda Guerra Mundial.

A Alemanha bombardeia a Polônia. O couraçado alemão Schleswig Holstein, navio-escola da Kriegsmarine, dispara com os seus gigantescos canhões de 27 centímetros, a primeira descargada da Segunda Grande Guerra. Uma luta feroz e sangrenta. Durante todo o dia, a artilharia e os Stukas bombardeiam duramente o reduto de Westerplatte. Os poloneses, com decidida bravura, rechaçam o ataque dos soldados alemães. Ao cair da noite, a luta prossegue com maior fúria. Os nazistas, com lança-chamas, destroem os ninhos de metralhadoras e aniquilam seus defensores. O major Polonês Sucharski reúne os sobreviventes e segue resistindo. Até no dia 6 de setembro, a brava guarnição rechaça 12 assaltos inimigos, chegando ao limite da resistência. Em 7 de setembro, no início da manhã, os canhões alemães desatam um bombardeio demolidor sobre as posições polonesas. Entrincheirando-se nas ruínas dos edifícios, Surcharski e os 60 sobreviventes estão prontos a enfrentar o ataque final. Os SS avançam entre os escombros e travam com os poloneses uma desesperada luta corpo a corpo. Uma hora depois, tudo está terminado.

Tropas Alemãs em Ação

 

A Batalha do Corredor:

Carros de combate da 3ª Divisão Panzer (DP) progridem em meio à neblina que cobre as planícies da Pomerânia. Logo à frente, num veículo blindado, encontra-se o general Guderian, teórico e mestre da Blitzkrieg. É o momento de colocar em prática a sua revolucionária teoria da guerra mecanizada. Sob o seu comando o 19° Corpo Blindado, integrado pela 3ª DP e as 2ª e 20ª divisões motorizadas (DM). Sua missão é cercar e aniquilar todas as forças polonesas distribuidas no Corredor de Dantzig.

No mesmo instante o general polonês Bortnowski, chefe das forças situadasno Corredor, segue as diretivas do marechal Smigly, que é manter o grosso das suas tropas no centro do Corredor, com a ordem de lançar-se à conquista de Dantzig logo ao início das hostilidades. Tal manobra condenaria todas as suas divisões ao aniquilamento.
Então, em 31 de agosto, o general ordenou às suas melhores divisões, as 13ª e 27ª divisões de infantaria (DI), retirar-se para o sul.

A 1° de setembro, as tropas da 13ª DI embarcam de trem e fogem para o sul, sob o contínuo fogo dos Stukas. Já a 27ª, não consegue alcançar a ferrovia e tem que bater a pé a retirada.

Guderian chega às margens do Vístula na noite de 1° de setembro, onde o cerco se fechou. Para esse rio convergem do norte, as colunas da 27a Divisão. Na madrugada do dia 2, na escuridão, os poloneses tentam abrir passagem através da barreira de carros de combate. Sem sucesso. Os blindados rompem fogo e detém o avanço.

Desata um terrível caos nas fileiras polonesas. As unidades, destroçadas, perdem toda coesão e se tornam fáceis presas dos blindados alemães.

Vemos então um dos mais dramáticos episódios da campanha. Pondo-se à frente dos seus cavaleiros, o general Grzant-Skotnicki, chefe da brigada “Pomerânia”, desembainha a espada e precipita-se sobre os carros de combate alemães, numa desesperada tentativa de romper o cerco. Sem pestanejar, os seus soldados o seguem. A enorme massa de cavaleiros com espada e lança na mão, avança velozmente para os blindados.
Horrorizados, os alemães procuram conter o ataque. O heróico e terrível sacrifício é fugaz. Um após outro, os esquadrões são massacrados pelo fogo dos canhões e metralhadoras alemãs. Alguns cavaleiros conseguem atravessar a temível barreira, mas quebram as frágeis lanças contra o aço dos carros de combate, sem causar nenhum abalo a estes.

Ruptura do sul:

Ao meio-dia de 1° de setembro, o general Rundstedt, comandante-em-chefe dos Exércitos Sul, recebe a notícia de que as suas vanguardas conseguiram flanquear o rio Wartha. O fluxo combinado de três exércitos alemães (8° de von Blaskowitz, 10° de von Reichenau e o 14° de von List) aniquila toda a frente sul polonesa entre 1° e 3 de setembro. A Luftwaffe ataca constantemente e desarticula totalmente a organização da retaguarda dos exércitos poloneses. Após cruzar o Wartha, a 4ª DP, de Reinhardt, avança pela estrada que conduz a Varsóvia. A 2 de setembro, uma esquadrilha de bombardeiros poloneses realiza um desesperado ataque, mas, os velhos aviões param numa intransponível barreira de fogo anti-aéreo. Em apenas alguns minutos, os campos ficam iluminados com os restos flamejantes de 14 aviões poloneses. Os carros de combate alemães prosseguem no seu avanço.

Devastando todas as forças que se interpõem à sua passagem, na manhã de 3 de setembro os alemães ocuparam a cidade de Radomsk e, horas depois, entram em Kamiensk.
A 4a DP consegue separar os exércitos poloneses do centro, dos que combatem no sul. Na noite de 3 de setembro, o marechal Smigly ordena que a sua principal força de reserva, o Exército Prússia, caminhe imediatamente para o sul, afim de bloquear o avanço dos blindados alemães sobre Varsóvia. O Marechal sabe que esta é a sua última cartada.

No dia seguinte, dá-se a batalha decisiva. Os carros de combate de Reinhardt, esmagam uma após outra, 3 divisões de infantaria polonesas e, na noite de 6 de setembro, ocupam a cidade de Tomaszow-Mas, situada apenas a 100 km ao sul de Varsóvia.

O caminho para a Capital foi aberto. Porém, à esquerda da 4ª DP, a 1ª DP, em união com as unidades do 8° Exército do general Blaskowitz, sofrem repetidas derrotas às divisões polonesas que defendem a cidade de Lodz. Desesperado, o general polonês Rommel, chefe do referido setor, tenta levantar uma linha defensiva a poucos quilômetros ao oeste da cidade, mas, os alemães, com incessantes ataques, obrigam-no a bater em retirada e, na noite de 7 de setembro, apoderam-se de Lodz. Definitivamente fica aberta a brecha no caminho de Varsóvia.

Varsóvia resiste:

Às 17 horas de 8 de setembro de 1939, os carros de combate da 1ª DP, chegaram aos subúrbios de Varsóvia. O general Schmidt, chefe da divisão, sabia que ia ocupar a velha capital em poucas horas. Mas não previa a heróica resistência que os habitantes iriam oferecer.

Três carros de combate alemães avançam lentamente pelas ruas desertas. De repente, um grupo de escoteiros aparece ao seu encontro. Surpresos, os alemães não abrem fogo. Dois garotos pegam um dos fios elétricos da rede de bondes que estão caídos no solo, aproximam-se correndo de um dos enormes veículos e jogam o fio sobre o motor quente. Com o contato, o tanque se incendeia. Os outros blindados disparam as suas metralhadoras, mas os escoteiros escapam ilesos. Assim, os carros de combate aceleram o deslocamento e segue para a Praça União de Lublin. A multidão foge apavorada, mas um homem ateia fogo num dos veículos blindados com uma lata de gasolina. Em poucos minutos, o veículo transforma-se em uma gigantesca fogueira. O outro tanque foge a toda velocidade. Episódios parecidos repetem-se nos demais bairros. Sob a liderança do seu seguro e valente prefeito Stephane Starcynski, o povo de Varsóvia consegue rechaçar a primeira investida dos alemães. Atrapalhado com essa surpreendente resistência, o general Schmidt distribui as suas forças pelos arredores da cidade e aguarda a chegada da infantaria.

A Aniquilação do Exército Polonês

O General Dab-Biernacki, chefe do Exército “Prússia”, chega à noite de 9 de setembro a Brest-Litovsk. Encontra-se com o Marechal Smigly-Rydz. Após apertos de mãos, o que permanece, por alguns segundos é o silêncio. Dab-Biernack rompe o fúnebre silêncio e informa ao seu superior a triste notícia: – “Marechal. Está tudo perdido. Os alemães destruíram esta noite o meu exército, na margem direita do Vístula”. Smigly-Rydz, abatido, deixa-se cair em uma cadeira. A derrota do Exército “Prússia” termina com as últimas esperanças de instalar uma nova frente defensiva.

Não há nada que impeça o avanço alemão a Varsóvia. Dois dias antes, o marechal ordenara a Dab-Biernacki deslocar rapidamente as suas forças para leste do Vístula, mas, em veloz avanço, as divisões motorizadas de Rundstedt envolveram pelo norte e pelo sul as divisões polonesas, as cercando.

Em 8 de setembro a batalha tinha fim. As últimas três divisões do Exército Prússia foram aniquiladas. A Wehrmacht, dando total cumprimento ao seu plano de campanha, procedeu em seguida à destruição dos exércitos dos generais Bortnowski e Kurtrzeba, cujas unidades, que tinham mais da metade dos efetivos totais do exército polonês, ficaram isolados a oeste do rio Vístula.

Na manhã do dia 10 de setembro, o general Kurtrzeba, inicia um violento ataque para o sul, para tentar conter o avanço dos blindados para Varsóvia. Em 12 de setembro, o general Kurtrzeba e o general Bortnowski realizam uma reunião às margens do rio Bzura. Ao sul deste rio, os seus soldados combatem desesperados com as tropas de von Blaskowitz, sob o bombardeio incessante e demolidor da artilharia e dos aviões Stukas. Em poucos minutos, os dois chefes tomam uma resolução extrema. Como o ataque para o sul fracassou e, de todas as direções surgem forças alemães, decidem cessar imediatamente a ofensiva e bater em retirada no dia seguinte com destina a Varsóvia. Porém, era tarde demais para essa decisão ser posta em prática. O cerco tinha se fechado. As 1ª e 4ª Divisões Panzer que se encontravam frente à Varsóvia, dão meia-volta e segue a toda velocidade para o Bzura. Do norte, o 4° Exército de Von Kluge avança em marcha forçada e completa a barreira que, pelo oeste e sul, foi levantada pelo 8° Exército de Blaskowistz.

Na manhã de 16 de setembro os alemães iniciam o ataque. Os Panzers atravessam o rio Bzura e, aniquilando todas as forças que encontram pelo caminho, alcançam a localidade de Kiernoczie. O fim dos exércitos poloneses está próximo. No dia seguinte, os alemães diminuem a violência da ofensiva. Pela noite, em caminhos que levam ao leste, marcham sob um caos indescritível, milhares de soldados poloneses. Sobre as margens do Bzura, estes soldados deparam-se com os alemães e ali se desenrola uma luta feroz e sangrenta. Duas brigadas de cavalaria rompem o cerco e escapam para Varsóvia, sumindo pelos espessos bosques. O General Kurtrzeba, acompanhado por um grupo de oficiais, também consegue chegar à capital.

O general Bortnowski cai prisioneiro. Na Alvorada do dia 18 de setembro, a Luftwaffe lança todos os seus efetivos ao ataque. Com um rugido ensurdecedor, os Stukas disparam sobre as indefesas colunas de soldados, metralhando-os sem piedade. Em poucas horas a batalha termina. Está destruído o grosso do Exército Polonês.

Enquanto se travam os últimos e sangrentos combates da batalha do Bzura, o 19° Corpo Blindado do general Guderian segue para o sul e, após atravessar o rio Narew e destruir as forças polonesas pelo caminho, flanqueia Varsóvia pela retaguarda. Sem cessar a sua marcha, os carros de combate alemães ocupam a cidade de Brest-Litovsk e, em 16 de setembro, fazem contato com as unidades de von Rundstedt, nas margens do rio Bug. E como foi planejado, as forças oriundas do norte e do sul fecham a gigantesca armadilha sobre a totalidade do exército polonês.

No dia seguinte, os russos, cumprindo as cláusulas secretas do tratado germano-russo, cruzam as fronteiras orientais da Polônia e chegam à Brest-Litovsk. No mesmo dia em que os russos invadem a Polônia, o marechal Smigly-Rydz foge para a Romênia. Varsóvia, ainda resiste. Lá se concentram os restos do Exército Polonês que prepara-se para enfrentar a investida final da Wehrmacht.

Em 25 de setembro, começa o bombardeio aéreo maciço de Varsóvia. O dia todo, os Stukas metralham e bombardeiam a indefesa cidade. Ao cair da noite, sob a luz dos incêndios que se propagam por todos os bairros, os alemães iniciam o ataque final. Combatendo furiosamente, os soldados e civis poloneses recuam lentamente para o centro. As munições e suprimentos se esgotam. Não há medicamentos para atender aos milhares de feridos e falta água. Em 27 de setembro, os poloneses se rendem. Ao meio dia, cessa o fogo e os soldados incineram as bandeiras dos seus regimentos, para que não caíam nas mãos dos alemães. Dois dias depois, as tropas do 8° Exército de von Blaskowitz entram em Varsóvia.

 

A entrada de Inglaterra e França na guerra:

Na manhã de 3 de setembro de 1939, enquanto as forças polonesas combatiam desesperadamente a Wehrmacht, o embaixador inglês em Berlim, Sir Nerville Henderson, entrou no escritório de von Ribbentrop, ministro das Relações Exteriores do Reich. Na ausência deste, o diplomata foi recepcionado pelo Dr. Paul Schmidt, intérprete pessoal de Hitler. Henderson saudou-o friamente e, sem maiores formalidades, leu, com voz grave e solene, a nota do seu Governo: Chamberlain comunicava a Hitler que, a partir das 015h00min desse dia, a Inglaterra entraria em guerra com a Alemanha, se a Wehrmacht não cessasse imediatamente o seu ataque à Polônia e evacuasse os territórios conquistados. Terminada a leitura, Henderson entregou uma cópia do documento a Schmidt e retirou-se. Schmidt dirigiu-se rapidamente à Chancelaria do Reich e entrou no escritório de Hitler. Acompanhado por Ribbentrop, o Führer estava sentado frente a uma grande janela. Schmidt traduziu a nota britânica. Após a leitura, a sala ficou em absoluto silêncio. Hitler, então, pôs-se de pé e perguntou a Ribbentrop com voz ameaçadora: – “E agora, que mais?”

Submisso, o ministro respondeu: “Suponho que os franceses entregarão um ultimato semelhante, dentro de uma hora”. Pouco após o meio dia, o embaixador francês Robert Coulondre entregou a Ribbentrop o ultimato do seu governo. Assim, 21 anos depois do término da Primeira Guerra Mundial, a Inglaterra, França e a Alemanha lançavam-se novamente à luta. A Europa e o mundo se envolveriam no conflito em pouco tempo.

A Batalha de Taranto

No dia 11 de novembro de 1940, o porta-aviões HMS Illustrious, fazendo uso de biplanos Swordfish realizou um ataque ao porto italiano de Taranto. A Operação Julgamento, como foi denominada, tornou-se o primeiro ataque aéreo lançado de um porta-aviões na história mundial.

Em 1939, as operações italianas no norte da África, baseada na Líbia, necessitava de suprimentos vindos da Itália. Operações britânicas, baseadas no Egito, eram imensamente difíceis de suprir devido o trajeto que cruzava todo o mar mediterrâneo até os seus depósitos em Gibraltar. Fato que beneficiava a frota marítima italiana no corte dos suprimentos às tropas inglesas.

Para proteger suas principais armas, a Itália conteve seus navios a salvo no porto, a espreita das operações britânicas no Mediterrâneo.

O Porto de Taranto, dividido em duas seções diferentes, Mare Pícolo e Mare Grande, contava com 6 navios de batalhas italianas, 7 cruzadores pesados e 2 cruzadores leves e 8 destroyers.

Os britânicos, sabendo da possibilidade de ataque a sua linha de abastecimento, planejaram a operação Julgamento, que viria se revelar um ataque surpresa à Base de Taranto. Para tal missão, enviariam o porta-aviões HMS Illustrious a se unir com o porta-aviões HMS Eagle, da frota do Almirante Cunningham. O Illustrious recebeu os aviões do Eagle e partiu para o ataque, escoltado por apenas 2  cruzadores pesados, 2 cruzadores leves e 4 destroyers.

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Sunderland

Vôos de reconhecimento confirmaram a existência da frota italiana, mas para total certeza, os ingleses remeteram um avião Sunderland na noite de 11 de novembro, pouco antes da frota se posicionar no Mediterrâneo, há 170 milhas do porto – cerca de 300 km -, próxima a ilha de Cefalonia. O vôo de reconhecimento mostrou aos italianos que algo iria acontecer, mas como não detinham radares, nada puderam fazer. Porém, um torpedeamento, que era o que pretendiam os britânicos, precisaria de águas profundas, acima de 30 metros, o que complicava a operação, já que o porto de Taranto possuía no máximo 12 metros de profundidade. Mas, a Marinha Britânica usou torpedos modificados e ainda os lançou a baixa altitude – quase na linha da água.

O primeiro grupo de 12 Swordfish armados com torpedos partiu do Illustrious pouco após as 21 horas, seguidos por outro grupo de 9 aeronaves uma hora depois. O primeiro grupo se aproximou do porto às 22h58min e se dividiu em dois agrupamentos, um atacando os navios no porto mais próximo da saída da baía – Mare Grande – e o outro agrupamento voando sobre a cidade para atacar o porto interno da baía – Mare Pícolo. O segundo grupo atacou pelo noroeste sobre a cidade uma hora depois. Durante os ataques, o navio de batalha Littório foi acertado por 3 torpedos, enquanto o Conte di Cavour e o Caio Duílio foram acertados por um torpedo cada. Um cruzador em Mare Pícolo ficou danificado por ações de bombas.

Apesar dos sinalizadores jogados pelos aviões para poderem ver os alvos no escuro, fato que melhorou a visibilidade dos artilheiros italianos, apenas dois Swordfish foram derrubados.

A frota italiana ficou quase que toda destruída e no dia seguinte, os navios ilesos foram movidos para um porto ao norte.

O Littório foi reparado em 4 meses e o Caio Duílio em 6 meses, mas o Conte di Cavour necessitou de grandes reparos e não voltou a ativa até a rendição italiana em 1943. A frota italiana ficou sem a metade de sua força de combate naquela noite, e seu objetivo de pressionar a frota inglesa apenas em potencial, mantendo seus navios no porto foi um desastre, permitindo a marinha britânica manter todas as operações navais no Mediterrâneo.

Ataque ao Porto de Taranto

O Biplano Swordfish

 

 

A Batalha da Inglaterra

Com a queda da França e a evacuação de Dunquerque, em meados de 1940, houve um breve período de trégua na Europa.

Adolf Hitler estava certo de que a guerra havia terminado e a Inglaterra pediria um acordo de paz em pouco tempo, pois a situação britânica era péssima e sua aliada a França havia sido derrotada. Porém, o tempo passou e não houve nenhum sinal britânico.

Assim, Hitler decide atacar a Inglaterra a fim de derrotá-la em seu próprio território, numa ofensiva chamada Operação Leão Marinho. Porém antes disso seria necessário destruir completamente a Força Aérea Britânica – RAF ou a invasão seria fadada ao fracasso.

Durante o mês de junho e início de julho de 1940, a Força Aérea Alemã revitalizou e reagrupou suas formações.

Comparando as duas frotas de aviões, os alemães eram mais velozes e tinha maior rapidez de subida, já os britânicos tinham melhor manobralidade e mais bem armados.

Os caças utilizados na batalha foram reconstruídos, e seus tanques diminuídos para portar mais armamentos – fato que seria problemático, pois os pilotos alemães tinham que voltar à França para reabastecer com freqüência, dando tempo à RAF de se restabelecer.

Para iniciar batalha a Luftwaffe reuniu 2 669 aeronaves operacionais, que incluia 1 015 bombardeiros, 346 caças de mergulho, 933 caças e 375 caças com armamento pesado.

No início de agosto começa a onde de ataques alemães às terras inglesas. Os ataques visavam objetivos militares, buscando a destruição de aeródromos, fábricas de avião e postos de controles aéreos.

Os Britânicos possuíam apenas 347 caças Hawker Hurricane, 199 Supermarine Spitfire, 69 caças noturnos Bristol Blenheim e 25 Boulton Paul Defiant.

Apesar de a RAF ter um número muito inferior de aviões, começou a conquistar sucessivas vitórias que geraram grandes perdas para a Luftwaffe.

Atribui-se, em parte, essas vitórias ao sistema de comunicação inglês, que fazendo uso de uma tecnologia nova e ignorada pelos alemães, o radar, detectava as incursões alemãs, dando suporte aos seus caças. Outro fator era a própria localização geográfica, seguida da bravura dos pilotos da RAF, pois muitos pilotos que eram abatidos ejetavam-se e caiam em solo britânico e no mesmo dia voltavam a voar em outro avião. Fato impossível para os pilotos da Luftwaffe que quase sempre eram capturados quando aterrissavam em seus pára-quedas.

Os ataques da tinham um curso rotineiro, diariamente os bombardeiros alemães escoltados sempre por um grupo de caças voava sobre o território inglês buscando destruir toda a possibilidade de suporte da RAF. Apesar das grandes perdas nas batalhas, o objetivo estava sendo cumprido, já que os ingleses não tinham como recuperar sua força aérea. A derrota seria eminente, se um fato não alterasse completamente o curso da batalha.

Em mais uma noite de bombardeios, no dia 24 de agosto de 1940, 170 bombardeiros alemães seguiam em direção à Inglaterra, porém, uma parte desses bombardeiros se desviou, devido a um erro de navegação e bombardearam o centro de Londres, distanciando totalmente dos objetivos militares.

Os ingleses deram fé de que o ataque tivesse sido intencional e na noite seguinte, 81 bombardeiros da RAF seguiram para Berlim, detonando um ataque surpresa, e o repetiram dias seguintes até o final do mês.

Furioso com a ousadia britânica, Hitler ordena a Goering que arrase a capital inglesa. Partindo deste ponto, os ataques alemães se voltaram exclusivamente a Londres, e parte dos objetivos militares foi esquecida.

 

A sucessão de ataques denominada blitz teve inicio em 7 de setembro, e foi efetivamente mortal, pois as defesas de Londres e a própria RAF estavam despreparadas. Os ataques seguiam à noite, e as bombas incendiárias atingiam grande parte de Londres. O bombardeio noturno foi repetido até 3 de novembro, ininterruptamente.

Hitler, nesta altura ainda acreditava num possível tratado de paz, especialmente após as violentas incursões à capital inglesa, fato que para ele forçaria os ingleses pedir um acordo.

Dia 15 de setembro foi crucial da Batalha da Inglaterra. A Luftwaffe reuniu cerca de 1000 aviões para um ataque a Londres, mas a RAF também estava pronta para a batalha, e o fato do ataque ser de dia, anulou a superioridade numérica alemã.

A batalha durou o dia todo, e o céu de Londres se transformou num “inferno de máquinas voadoras”, com explosões e pedaço de fuselagens caindo por todos os lados. Ao anoitecer, a agilidade da RAF e a eficiência dos radares britânicos decidiram a batalha, os grupos de bombardeiros alemães eram rechaçados muito antes de chegarem a Londres. Quando os bombardeiros alemães conseguiam chegar a capital, os objetivos eram mudados devido às dificuldades e a ótima defesa promovida pelos caças ingleses; então deixavam suas bombas em qualquer lugar, e voltavam rapidamente para suas bases. Os resultados desse dia foram péssimos para a Luftwaffe. Piorando a situação alemã, naquela noite, o Comando de Bombardeiros da RAF atacou fortemente os navios nos portos de Boulogne e Antuérpia, causando numerosas baixas alemãs.

Coube a Adolf Hitler adiar temporariamente a operação Leão Marinho, não sabendo que suas chances de invadir a Inglaterra haviam sido perdidas.

Os bombardeios continuaram num ritmo menor que anteriormente, mas com ataques regulares. Tal situação foi positiva para a RAF, mas ruim para Londres; o objetivo era destruir capital completamente. Goering bombardeava Londres para desmoralizar os ingleses. Algum tempo depois os ataques diurnos ficaram raros, e além de bombardeios noturnos, que dificultavam a defesa, os ataques rumavam à altitudes cada vez mais superiores, chegando a 9.000m, impossibilitando qualquer chance de defesa.

Diariamente as bombas faziam ruir pouco a pouco toda a cidade. Casas, ferrovias, monumentos históricos, nada permanecia intacto e as explosões seguidas de chamas ocuparam a capital inglesa durante muitas semanas.

O número de bombardeio foi tão grande, que num dado momento, ainda que escondidos em porões e sob o risco de perderem suas residências, além do risco de morte; os cidadãos se acostumaram com os ataques noturnos. Tentavam gradativamente continuar com as suas vidas rotineiras que tinham antes da batalha. E ao invés de entrarem em pânico e pedirem a paz, uma motivação tomou os civis, militares e até a Família Real, que até caminhava pelos escombros incentivando a todos permanecerem firmes.

A resistência continuou até o termino dos bombardeios, em maio de 1941.

A Alemanha foi derrotada nessa batalha e orientou a guerra para outras frentes, conduzindo a maior parte do efetivo para o leste, na intenção de invadir a Rússia.

A Inglaterra venceu a batalha, mas Londres sofreu exageradamente com os bombardeios. Entre 7 de setembro a 13 de novembro a cidade foi atacada noturnamente por uma média de 160 aviões bombardeiros diariamente, somando 67 dias consecutivos de ataque e apenas 1 dia de trégua. Entre agosto e outubro de 1940, Londres sofreu com 13.755 toneladas de bombas explosivas e 14.421 recipientes de bombas incendiárias, não incluindo os seguintes meses de bombardeios até maio de 1941. No final de 1940, já havia 15.000 mortos.

Essa fase da guerra foi essencial para uma posterior derrota alemã. A mudança tática permitiu a Vitória inglesa e possibilitou o contra-ataque das forças aliadas posteriormente.

“A minoria” venceu pela organização e força de vontade.

 

Pearl Harbor

No caminho de São Francisco para o mar da China, os EUA possuíam a base de Pearl Harbor, na ilha de Oahu, no Havai. Este arquipélago distava a 2.100 milhas de São Francisco e a 3.200 das costas do Japão. Ali estava a Frota do Pacífico, composta por 9 couraçados, 2 porta-aviões, 20 cruzadores e 40 contratorpedeiros.

No momento em que a guerra se tornou inevitável, considerando a determinação estadunidense em travar o expansionismo nipônico, o alto comando japonês determinou que o único meio de neutralizar o inimigo seriam tomando a iniciativa e dar-lhe um golpe definitivo e inesperado. Esta era a essência do Plano Zeta.

No início de Janeiro de 1941, o almirante da Frota Combinada japonesa, Isoroku Yamamoto, ordenou um plano para um ataque surpresa contra Pearl Harbor. Na concepção deste plano, deve ter levado em conta as lições do ataque de torpedeiros japoneses contra a frota russa aportadas em Port Arthur, sem prévia declaração de guerra, em Fevereiro de 1904. É certo que Yamamoto estudou também, minuciosamente, os detalhes do ataque dos aviões do Illustrious, em 11 de Novembro de 1940, à base italiana de Tarento.

Em 1 de Agosto de 1941, os EUA decretaram o embargo petrolífero ao Japão. Um golpe duro à nação que recebia dos estadunidenses 80% do seu combustível.

Em Outubro, o primeiro-ministro Konoye demitiu-se e o general Hideki Tojo assumiu o Governo. Tojo, rapidamente, deu aval a Yamamoto para a execução do Plano Zeta.

Base de Pearl Harbor antes do Ataque

 

Este plano era parte de um programa estratégico amplo, onde principal objetivo permitiria à nação apoderar-se de petróleo e matérias-primas suficientes para por em prática uma guerra longa e cara. Por isso, além do ataque à base estadunidense, estavam previstas ofensivas simultâneas contra Singapura, Hong Kong, Ilhas Holandesas e Filipinas.

 pearl-harbor Para o bombardeio a Pearl Harbor organizou-se uma força de 6 porta-aviões, com mais de 400 aviões, 2 couraçados, 3 cruzadores e 9 contratorpedeiros, sob o comando do vice-almirante Chuichi Nagumo. Acompanhariam esta força, durante a parte do caminho, 3 submarinos, contratorpedeiros e 8 petroleiros que abasteceriam os navios no mar.

7 de Dezembro de 1941, de acordo com a hora local de Pearl, foi a data determinada ao ataque. Yamamoto sabiamente percebeu que a manhã de um Domingo fosse a melhor oportunidade surpreender os estadunidenses. A rede de espiões japoneses mantida no Havaí informou a muito provável presença no porto, num Domingo de manhã, dos 2 porta-aviões dos Estados Unidos que operavam na zona.

Antes disso, em 14 de Novembro, secretamente, a frota de Nagumo concentrou-se na baía de Hitokappu, nas ilhas Curilhas. Dia 26, a frota saiu para o mar, navegando mais afastada possível de todo o tráfego comercial, praticamente ao longo do paralelo 40º Norte, até perto do Havaí, para infiltrar-se depois nas ilhas deste arquipélago rumo a Sul.

O Ataque Surpresa

Durante a Conferência Imperial do dia 1 de Dezembro, diante da impossibilidade de qualquer solução pacífica aos problemas do Japão, o Imperador autorizou o ataque. Nagumo recebeu o sinal codificando: “Sobe ao Monte Niitaka”. Frase chave para a execução do Plano Zeta. O vice-almirante, cumprindo o plano traçado pelo almirante Yamamoto, previu atacar o inimigo com 353 aviões em duas vagas capazes de eliminar completamente as defesas de Pearl Harbor. Às 06h20min (fuso horário do Havaí), terminou a decolagem da primeira vaga. Subiram, em tempo recorde, 183 aviões entre os quais estavam: 41 bombardeiros de vôo picado Aichi D3A2 Val, 49 torpedeiros Nakajima B5B2 Kate e 43 caças Mitsubishi A6M2 Zero. As 07h00min, um radar da ilha detectou os aviões japoneses a 132 milhas a norte, mas foram confundidos com um grupo de bombardeiros estadunidenses B-17, que eram esperados, vindos de outra base.

O couraçado Arizona, um dos primeiros alvos, recebeu em rápida seqüência uma salva de torpedos, seguida de um amontoado de bombas. Após uma grande explosão, naufragou, levando consigo 1.177 homens da tripulação. OOklahoma afundava-se após sofrer o impacto de 7 torpedos, indo ao fundo da baía com 315 homens prisioneiros nas suas entranhas. Às 08h25min haviam afundados ou seriamente danificados os couraçadosArizonaWest VirginaOklahomaTenessee e Nevada, o grosso da Frota do Pacífico. O couraçado Marylandtambém estava danificado, assim como um bom número de cruzadores e contratorpedeiros.

Enquanto se retirava a primeira vaga, a segunda já se aproximava, chagando a Pearl Harbor às 08h40min. O couraçado West Virginia foi sacudido por uma forte explosão, enquanto o Nevada conseguia sacudir a pressão e manobrar para a saída do porto. O couraçadoPennsylvania e outros navios que se encontravam em doca seca receberam uma chuva de bombas. Às 09h45min retiravam-se os últimos aviões japoneses, voando ao Sul para confundir os inimigos e não denunciar a localização dos seus porta-aviões. Atrás deles deixavam afundados ou gravemente danificados 20 dos mais poderosos navios da Frota do almirante Kimmel e um arsenal mergulhado no caos absoluto.
No ataque, os japoneses perderam 29 aviões, 5 submarinos anões e cerca de 55 homens.

Com o estrondo das explosões os pânico se espalhou por toda a ilha. Chegavam boatos sobre desembarques japoneses misturadas com notícias verdadeiras da presença dos inimigos noutros lugares do Pacífico. Todas as unidades disponíveis se posicionaram nas praias e montaram-se barricadas em lugares estratégicos.
As sentinelas disparavam sobre tudo o que se mexia e as baterias antiaéreas derrubavam dezenas dos seus próprios aviões.
Os navios de Nagumo se retiraram para o Japão sem serem incomodados, enquanto os porta-aviões estadunidenses Lexington e Enterprise, escoltados, buscavam os japoneses pelo sul das ilhas Havaí, desorientados por falsas informações.

As Consequências

O presidente Roosevelt suspendeu o almirante Edward Kimmel e em 21 de Dezembro nomeou o almirante Chester Nimitz para substituí-lo.
No dia que sucedeu o ataque, o presidente Roosevelt anunciou no Congresso a declaração de guerra entre os Estados Unidos da América e o Império do Japão.
Alemanha e Itália também declararam guerra aos Estados Unidos. Assim, o conflito tornava-se mundial e de proporções nunca vistos na História.

Na baía de Pearl Harbor ficaram semi-afundados os restos fumegantes de 18 navios. O ataque causou grande abalo na moral das tropas estadunidense e causou grande comoção à população que se empenhou pelo combate contra os japoneses. Porém, alguns couraçados destruídos eram peças antiquadas, incapazes de enfrentar as equivalentes japonesas. Com o ataque, a força japonesa obrigou os Estados Unidos a reorganizar a sua táctica naval a favor das Task Force de porta-aviões.

Por dois meses seguintes, o Japão reforçou as suas posições no Pacífico e pôs em prática seu programa de expansão em busca de matérias-primas. Mas, a enorme capacidade de reação estadunidense se mostrou em pouco tempo. Em Abril de 1942, 4 meses após o ataque, Tóquio foi bombardeada, em Maio a marinha dos EUA impediu o avanço japonês no mar do Coral e em Junho o rumo da guerra foi mudado em Midway.

Na base de Pearl Harbor, a prioridade foi recuperar o maior número possível de barcos e homens. Do couraçado Oklahomaretirou-se 32 sobreviventes, dias após o ataque. Outros, presos debaixo do casco, morreram de fome ou falta de oxigênio. Três marinheiros do West Virginia foram encontrados mortos num compartimento próximo de um tanque de água doce. E junto a eles, um calendário, onde tinham sido riscados os dias entre 7 e 23 de Dezembro…

Três couraçados, dois oito danificados, ficaram prontos para entrar em ação em menos de 3 meses. Outros três aguardaram mais de um ano para ficarem prontos para lutar. Grandes foram os esforços para resgatar dos restos do couraçado Oklahoma, os corpos dos 1.177 homens que ficaram presos a bordo, mas apenas 75 cadáveres foram retirados.

No Cinema

Dois filmes retratam o ataque japonês. Tora! Tora! Tora! De 1970, mostra ambos os pontos de vista – japonês e estadunidense – da operação Zeta. O título do filme faz referência a mensagem código japonesa em caso de sucesso no ataque, cujo significado é: Tigre! Tigre! Tigre!

Em 2001, foi lançado Pearl Harbor, uma superprodução estrelada por Ben Affleck. O filme é um típico enlatado estadunidense que retrata apenas um ponto de vista e a trama foca o romance de um casal de namorados. O fato histórico fica em segundo plano.

 

Batalha de Brest

A captura de Brest

A 25 de agosto de 1944, coincidindo com a marcha dos exércitos que acabavam de cruzar o Sena, os efetivos estadunidenses lançaram-se ao assalto de Brest. A cidade, objetivo dos efetivos comandados pelo General Middleton, achava-se defendida por efetivos superiores aos calculados pelos Aliados.

A guarnição ascendia a mais de 30.000 homens, o dobro do numero que os estadunidenses esperavam enfrentar. O núcleo dos defensores estava formado pela 2º Divisão de Pára-Quedistas unidade selecionada e integrada por soldados jovens, de comprovado valor e grande disciplina Seu comandante, Ramcke, era um militar que conseguira renomado prestigio durante o ataque a Creta, em 1940. Ramcke comandava agora a guarnição de defesa de Brest.

Depois de uma operação destinada a guarnecer seus flancos, o General Middleton decidiu ordenar o assalto final, iniciado no dia 25 de agosto. A disposição das forças seria a seguinte: a 2º Divisão atacaria pela direita, a 8° pelo centro e a 2º pela esquerda. Os efetivos deveriam destruir os blocos e casamatas germânicas antes do combate direto.

Cumprida essa primeira parte, as tropas entraram em luta durante três dias. No dia 28, finalmente, um regimento da 29º conseguiu perfurar as defesas alemãs, avançando sem encontrar resistência. No dia seguinte coube aos elementos da 8º Divisão efetuar, no centro do dispositivo, uma nova e profunda penetração.

No dia 19 de setembro, depois da preparação da artilharia, Middleton lançou um ataque coordenando as tropas com a força aérea. As resistências alemãs, contudo, continuaram firmes ate o dia 7 de setembro. Diminuindo a intensidade do assalto, Middleton reagrupou as forças para um assalto em grande escala no dia 12. Novamente a defesa da cidade conseguiu resistir e manter-se de pé. No dia 13, Middleton propôs a rendição. A proposta foi rejeitada e novos assaltos se seguiram.

 

No dia 14 os estadunidenses colocaram em jogo todas as forças de que dispunham, mas os germânicos, defendendo-se por entre os escombros, continuaram aferrados a resistência. No dia l6, por fim, grupos de demolição fizeram voar pelos ares as ultimas posições alemãs. O assalto seguinte, direto, foi realizado a baioneta. Ramcke, num supremo ato de resistência, abandonou a cidade e se refugiou com algumas de suas unidades na península de Crozon, em frente a Brest. Ali, no dia 19 de setembro, levantou finalmente a bandeira branca, rendendo-se aos estadunidenses.